Tela de programação com códgo abap

Documentar código talvez seja uma das tarefas que mais divida opiniões entre profissionais de ABAP. Já encontrei quem defenda longos comentários em cada linha e também quem jamais escreva sequer uma linha explicativa. Eu já estive dos dois lados. Com o tempo, porém, percebi que existe um equilíbrio, e é justamente ele que faz a diferença em projetos SAP, especialmente quando a equipe troca, evolui ou precisa corrigir algo rapidamente. Na minha experiência, documentação clara no ABAP não é apenas um favor ao próximo, mas uma ponte entre o hoje e o futuro do seu sistema.


Pessoa desenvolvedora digitando documentação de código SAP ABAP em tela grande, com papéis e caneta ao lado Por onde começar

Muita gente pensa na documentação só no final do desenvolvimento, como se fosse um pós-tarefa. Eu já caí nesse erro também. Sabe como resolvi? Comecei a documentar aos poucos, no próprio processo de criação das funções, métodos, módulos ou formulários. Se fica grande demais, divido em etapas:

  • Descrevo o objetivo do programa logo no início do código fonte.
  • Para cada função, rotina ou método que escrevo, incluo comentários sucintos sobre o propósito.
  • Explico regras de negócio fora do padrão diretamente onde são aplicadas, jamais em outro documento separado.
Documentar de forma incremental torna o processo leve.

Que tipo de informação incluir?

Às vezes, na ânsia de ser detalhista, corri o risco de poluir meu código. Com o tempo, descobri quais pontos realmente ajudam:

  • Propósito do programa, função ou rotina.
  • Entradas e saídas esperadas.
  • Regras de negócio específicas.
  • Referências externas (transações, tabelas críticas).
  • Problemas conhecidos e limitações.

Na Netstudy, insisto com meus alunos: escreva para o “você do futuro”, aquele que voltará ao código daqui a seis meses, talvez sem lembrar das decisões técnicas de agora. Pode acreditar, essa postura faz toda a diferença na forma como absorvemos e estruturamos soluções ABAP.

Como estruturar a documentação no código

Quando penso em ABAP, lembro que a sintaxe reserva espaço para comentários com o caractere ‘*’. Isso pode parecer simples, mas enxergar esses espaços como pequenas “âncoras de entendimento” me ajudou muito. Gosto bastante de seguir um padrão próprio, que adaptei às necessidades do time e do projeto:

  • No início do programa, escrevo um bloco com:
  • Autor
  • Data
  • Descrição resumida
  • Histórico de alterações (se aplicável)
  • Acima de cada procedimento novo que não seja óbvio o que faz (FORM, METHOD, FUNCTION), incluo um comentário de uma linha sobre o objetivo.
  • Dentro de lógicas mais complexas ou laços avançados, coloco comentários rápidos para explicar “por que” e não “o que” está fazendo.
Comente o motivo, não apenas o funcionamento.

Descobrir esse detalhe mudou a dinâmica da minha documentação. Dizer que um loop percorre itens fica óbvio ao ler o comando, mas explicar o motivo do tratamento especial faz sentido para quem revisa.

Evite excessos e repetições

Um erro comum que eu cometia era o excesso de comentários redundantes, como "* Loop sobre a tabela interna X" bem em cima de um LOOP AT X. Isso não soma. A clareza, na minha opinião, nasce da objetividade e do foco nas regras de negócio, nos motivos das escolhas técnicas e não na mera tradução dos comandos.

Ferramentas e recursos que ajudam

No universo SAP, costumo usar a própria SE80 e a transação SE38 para inserir comentários no fonte. Porém, há recursos que muitos ignoram, como os short texts de funções, descrições nos Data Element, e até o uso de docstrings em classes ABAP OO.

Dicas rápidas de documentação que eu aplico

  • Documentação não substitui código limpo. Antes de comentar, reescrevo partes que possam ficar mais claras, evitando comentários desnecessários.
  • Nomes de variáveis e funções autoexplicativos dispensam explicações longas.
  • Ao corrigir um bug ou fazer manutenção, explico o motivo da alteração com data.

Tela de computador exibindo exemplo de comentários em código ABAP Documentação e aprendizado contínuo

Na Netstudy, sempre defendemos a ligação entre teoria e prática. Aprender a documentar é também um exercício de autoconhecimento técnico. Quanto mais ensino, mais percebo o quanto revisar comentários antigos pode ajudar um estudante a entender suas decisões, refatorar soluções e evoluir de fato na carreira em SAP.

O que fazer se o projeto já está pronto?

Eu sei que muita gente só se preocupa com a documentação no final do projeto, quando o código já está rodando e os prazos apertaram. Nesses casos, minha dica pessoal é:

  • Foque nas funções críticas ou mais utilizadas.
  • Explique exceções, integrações e pontos de difícil entendimento.
  • Vá incrementando aos poucos, revisando quando surgir uma manutenção ou atualização.
Documentação nunca é desperdício de tempo. É investimento em tranquilidade futura.

Conclusão

Documentar código ABAP de modo claro e prático não é algo reservado a grandes especialistas ou equipes gigantes. É uma responsabilidade compartilhada, que começa com o respeito ao próximo profissional, e a você mesmo daqui um tempo. Com documentação bem feita, a manutenção se torna mais ágil e as soluções ganham vida longa e estável, evitando retrabalho e discussões sem fim.

Se quiser se aprofundar no assunto e realmente se tornar um ABAPer completo, recomendo conhecer os cursos da Netstudy. Nosso método une prática, teoria e um passo a passo para criar uma rotina de documentação eficiente, preparando profissionais para os desafios reais do mercado. Venha dar o próximo passo: sua carreira agradece!

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Leandro Marques

Sobre o Autor

Leandro Marques

Leandro Marques é apaixonado por tecnologia e especialista no ensino de ferramentas SAP, com foco em ABAP e Smartforms. Dedicado a transformar teoria em prática, Leandro desenvolve treinamentos claros e objetivos que ajudam profissionais a ingressar ou se destacar no universo SAP através do desenvolvimento técnico. Seu propósito é democratizar o aprendizado de soluções SAP, oferecendo conhecimento acessível e aplicável tanto para iniciantes quanto para profissionais em ascensão.

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